Apesar de novo, mercado de cleantechs é promissor, avalia diretor da Abstartups
Para José Muritiba, as cleantechs são um segmento que tem tudo a ver com o mercado e com pautas do futuro e tende a se expandir como um cenário atrativo para investidores.
Publicado em 16 jul 2020
Um mercado promissor com startups se destacando no contexto da inovação. Assim José Muritiba, diretor-executivo da Abstartups (Associação Brasileira de Startups), em entrevista ao portal Cleantechs, analisa o atual momento do mercado de cleantechs, as “startups verdes” focadas em desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis. “Energias limpas vieram para ficar”, cita Muritiba como exemplo de perspectiva para a atuação das cleantechs.
Ele também fala sobre o estágio de inovação e os desafios das startups brasileiras, além da relação das empresas com investidores. Leia a seguir.
Cleantechs – Como avalia o segmento das cleantechs no mercado de startups no Brasil?
José Muritiba – As cleantechs são um segmento que tem tudo a ver com o mercado e com pautas do futuro, já que são atreladas a uma função social e uma preocupação com pessoas, meio ambiente, então energias limpas vieram para ficar. Chamadas de “startups verdes”, as cleantechs somam hoje, 173 startups mapeadas no Brasil (Startupbase), sendo que 43% delas se encontram em São Paulo. O cenário brasileiro para esse segmento é promissor, mas ainda é um mercado bastante novo e que exige investimentos.
Cleantechs – Na sua opinião, qual o estágio de inovação das startups brasileiras e como o mercado de cleantechs se encaixa nesse contexto?
José Muritiba – As cleantechs brasileiras têm crescido e se destacado muito no contexto de inovação. Temos cases de sucesso como a Polen, que trabalha com a compra e venda de resíduo fundada pelo Renato Paquet; a CUBi voltada para monitoramento de energia elétrica; a Sensix, que oferece serviços de levantamento aéreo, processamento e análise de dados para agricultura por meio de drones, entre outras.
Como dito anteriormente, é um mercado ainda recente se comparado ao mercado global, mas que tem se aproximado desses players trazendo parâmetros de compliance e economia circular, elementos comuns no mercado global
Cleantechs – Quais os principais desafios enfrentados pelas startups brasileiras?
José Muritiba – Os empreendedores do segmento de cleantech afirmam que hoje, os maiores desafios encontrados são expandir o negócio, acessar serviços financeiros, desenvolver o modelo de negócio e comunicar proposta de valor, já que no Brasil a cultura do “lixo” como matéria-prima e a consciência ambiental nem sempre é uma prioridade para empresas.
Cleantechs – Como têm sido a relação das startups com investidores e o qual tem sido, na sua opinião, o elemento mais atraente para a concessão de recursos?
José Muritiba – O acesso a investidores é um dos desafios das startups verdes. Isso porque o processo de venda e convencimento dos clientes é mais demorado, incluindo períodos de teste e logística, portanto escalar o processo exige esforços.
De toda forma, é um cenário atrativo, visto que tratar de sustentabilidade tem sido uma pauta forte no mercado e com alto potencial nos próximos anos, além de uma necessidade urgente do planeta por uso de energias limpas.
Daqui uns anos, quem estiver à frente dessas iniciativas, com certeza terá uma vantagem competitiva. Uma solução para investimentos desse setor tem sido fechar parcerias com outras empresas que já trabalham com as corporações para oferecer os serviços.